sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Doença da Guerra


A reportagem da TVI, da passada terça-feira, relativamente à Guerra Colonial, fez-me relembrar as histórias que percorrem esse país fora. Em qualquer canto podemos encontrar um ex-combatente.
Os traumas de guerra são físicos e psicológicos. Esta guerra foi violenta, as famílias temiam todos os dias pela vida dos homens que combatiam em terras distantes. O descanso das famílias acabou no dia em que receberam a notícia da ida de um familiar para a guerra.
O trauma físico é uma questão de hábito, mas o trauma psicológico, fica para a vida. Noites agitadas, pavor a barulho, ansiedade, são sintomas da "Doença de Guerra". Diariamente as associações de ex-combatentes, questionam-se com o facto de os traumas da guerra não serem assumidos como uma doença. Estes traumas foram adquiridos numa guerra, ao serviço do Estado. Mudaram a vida de milhares de combatentes e das respectivas famílias. Qual será o motivo para que não se considere estas perturbações como doença? Estes homens defenderam o seu país, defenderam a sua pátria. Não escolheram ir ou não para a guerra, e saíram de lá com sequelas que condicionaram o resto das suas vivências na sociedade e com a própria família. Viram cenários devastadores, viram colegas morrer à sua frente, viram a sua vida em perigo, viram dificuldades de povos longínquos, viram a própria saudade, viram o desespero, viram muito pouco de bom. A tragédia imperou nos olhos dos combatentes, e mesmo passadas algumas décadas o horror não foi ultrapassado. O apoio psicológico foi e continua a ser nulo, simplesmente porque as perturbações psicológicas provenientes da guerra, não são consideradas como uma doença.
Os ex-combatentes precisam do apoio da sociedade e da compreensão. É necessário preocuparmo-nos com os que defendem a pátria.

3 comentários:

  1. de uma maneira geral, nenhum país se preocupou com os seus ex-combatentes. para variar, preocupámos-nos em seguir os outros "belos" exemplos...

    ResponderEliminar
  2. Eu tive uma infancia bem difficil numa familia em que o meu pai era violento e a minha mae era indiferente e amedrontada perante os comuns insultos, gritos e violencia perantes nos.
    Eu tenho 41 anos e tendo difficuldades em compreender o passado que me continua a affectar resolvi consultar um psicologo. A reportagem da TVI fez com que finalmente eu compreende-se as razoes da minha infeliz infancia. Por um lado trouxe-me alivio por finalmente saber que nao havia nada de errado comigo para ser tratada daquele modo mas tambem me trouxe uma grande tristeza por saber que embora eu sofri os meus pais tambem. O meu pai foi combatente da guerra. VITIMAS DE CIRCUNSTANCIAS e exactamente as palavras certas para sumarizar passados de muitas pessoas affectadas.

    ResponderEliminar
  3. O strees Prós traumático, existe: Estive em Moçambique, em Mueda, em 72 era Alferes Miliciano, atirador de Infantaria. Comandei um Grupo de Combate e Colunas de abastecimento Militar. Passei mal como muitos outros. Julguiie vir de lá bem_: Achei todos os disparates que fiz desde que regressei, cono normais e desvalorizei. Foi preciso chegar aos 59, para me tratar em Psiquiatria.

    ResponderEliminar