domingo, 26 de fevereiro de 2012

A educação por um fio

Nos dias em que se acumulam notícias sobre medidas do Ministério de Educação ou situações insustentáveis, não podemos cruzar os braços ou ficar calados.
Há cerca de duas semanas chegavam-nos através da comunicação social as preocupações dos diretores de escolas e das associações de pais relativamente à má alimentação das crianças e jovens em idade escolar. Muitos alunos continuam a chegar às escolas sem pequeno-almoço e assim permanecem até almoçar na cantina. Cantinas estas que insistentemente oferecerem problemas de qualidade, variedade e quantidade na nutrição dos estudantes. Esta dualidade de fatores, por um lado a falta de alimentação por outro lado a má resposta das cantinas trouxe novamente a preocupação de pais e professores à ordem do dia. Uma má nutrição conduz a falta de concentração, falta de empenho e consequentemente diminuição do rendimento escolar. Contratos milionários com empresas de catering que muito pouco ou nada têm em conta as idades dos alunos que frequentam as cantinas ou a necessidade de variedade para uma nutrição eficaz e saudável, pensando apenas na melhor forma para fazer render ingredientes ou no menor gasto possível de recursos, perante os milhares em dívidas que as Câmaras Municipais devem.
Dias depois o despacho do Min. Educação sobre as novas regras dos exames nacionais, voltava a fazer manchete com a revolta dos alunos. A partir de 2012 os alunos são obrigados a ir à 1ª fase dos Exames Nacionais do Ensino Secundário. Uma medida que impede milhares de alunos de fazer uma gestão eficaz do estudo, de fazer melhorias de notas ou de se autopropor a exames fora da sua área de estudos, uma vez que o calendário está também com muitas sobreposições e existe apenas uma hipótese de ir a exame. Doenças ou incapacidades passíveis de justificação, também não estão contempladas no despacho do ME. Um despacho que põe em causa os resultados dos exames, as médias finais dos estudantes e as entradas nas faculdades, quer pela diminuição dos resultados quer pelo impedimento de realizar exames sobrepostos.
Apenas mais uns dias passaram e novo despacho saiu sobre as regras de acesso ao Ensino Superior em 2012. Mais um caso, mais contestação. Qualquer aluno que denote erros de correção ou classificação na prova de 1ª fase pode apresentar recurso, do qual terá resultado a 10 de Agosto. No entanto as candidaturas para o Ensino Superior decorrem apenas até 27 de Julho. O que dizer a tamanha incoerência? Um autêntico bloqueio aos recursos de que os alunos dispõem! Qualquer ser humano erra, pelo que qualquer professor corretor pode também cometer erros que devem ser corrigidos em tempo útil sem prejudicar os examinandos. Pois mais uma vez o ME resolveu mudar as regras sem olhar a lógica, mas sim a poupanças.
Agora no final da semana novidades relativas ao transporte escolar. A comunicação social surgiu com as dívidas do Governo para com as operadoras de transportes escolares, transportadoras essas que temem não ter forma de subsistir sem esses pagamentos e sem quais não poderão continuar a garantir os transportes. O término destes transportes implicará a incapacidade de muitos estudantes, principalmente do interior do país, chegaram às escolas. A melhoria anteriormente realizada nas condições da rede de centros escolares é agora posta em causa pelas enormes dívidas às transportadoras. Novamente, tal como a alimentação é posta em causa, também os transportes são agora alvo de problemas graves.
Não há nada neste momento que incentive, todas as medidas têm em vista a poupança financeira e consequentemente em recursos e aproveitamento dos alunos.
É caso para dizer que a educação está por um fio...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Piegas é a tua...

Piegas é a tua... Não, não vale a pena dizer o que é piegas no Sr. Primeiro-Ministro, isto se ainda é digno do título "Senhor", como alguém diria "O Senhor está no céu!". A minha revolta não chega a descer tão baixo quanto a sua política e mesquinhice.
Entende portanto o Primeiro Ministro que os portugueses têm que ser menos piegas, pois eu entendo que basta de demagogias, basta de teatralidades e basta de falta de respeito para com aqueles que mais esforços fazem e mais sofrem. Não é Pedro Passos Coelho que recebe 485€ por mês, para pagar as prestações do carro e da casa, os passes para 2 crianças irem à escola, a alimentação de 4 pessoas, taxas moderadoras de consultas disto e daquilo e mais umas quantas parcelas que as famílias têm que gastar. Serão estes homens e mulheres piegas? Serão estes homens e mulheres dignos de tamanha injustiça? Serão estes homens e mulheres responsáveis pela inércia da Europa, pela estúpida governação que o país atravessou nas últimas décadas? Pois, o que eles merecem da parte de um Governo, que se consta preocupado com a situação dos portugueses, é que são piegas e que emigrem! Mas afinal não podemos ser piegas ou temos que emigrar? Não me parece de todo uma ideia compatível. Tanta desconcertação, tanto desalento, tanta incoerência. Os portugueses começam a ficar seriamente fartos, fartos de promessas, fartos de incoerência, fartos de défice, de dívida, de juros, de austeridade. Não é isso que paga prestações, passes, taxas, impostos, refeições,... Provavelmente é isso que paga os carros, as casas, as fortunas daqueles que (co)mandam estas tropas de 10 milhões de carneiros. Pois bem eu já deixei de ser piegas há muito tempo, aliás se bem me lembro quanto a isto, nem o cheguei a ser. Se fosse piegas já teria tido vontade de desertar daqui para fora há muito tempo, sim porque eu sou natural de um outro país, com outra qualidade de vida, com outro rumo, com outra política, com outro respeito pelas pessoas! Felizmente, sangue português corre-me nas veias, faz parte do ADN que me foi transmitido, já que não posso ter ADN do país onde nasci, pelo menos que seja português. O sangue português do descobrir, do ir mais além, do reclamar, de dar alternativa, de ir à luta! Quem não se reconhece na valentia portuguesa bem espelhada por Camões ou Pessoa? Ah pois, já me esquecia que segundo este Governo não podemos ficar agarrados a velhas tradições. Pois, as velhas tradições são inoportunas não é? Pois, mas foram as tradições que traçaram a vida dos portugueses, que traçaram o povo, que construíram Portugal como ele é hoje. Se não gostam, temos pena. Tradições são tradições e o pior que se pode fazer a um povo, é impedir a sua concretização. A falta de cultura, a falta de identificação cultural, a falta de identidade são só algumas das consequência do corte de tradições. Normalmente são os países pobres à beira de crises políticas que sofrem este tipo de ataques à tradição, e que sofrem crises de identidade sem precedentes. Alguns portugueses já se encontram sem identidade é verdade, quem é que ser identificar com um país neste estado? Eu diria ninguém. Mas não, os portugueses não são piegas, e estão cá na luta, bem identificados com o seu país e com quem são. E não queiram ver como são os portugueses a contestar realmente, os últimos protestos são apenas amostras. Mobilização do povo, é palavra de ordem portuguesa. Pieguice é coisa dos fracos, dos derrotistas, e não foi em vão que o Primeiro-Ministro a referiu, senão reflitamos sobre a explicação que deu sobre todas as medidas que tem vindo a adotar. Não vale a pena estender-me nesse aspeto, eu mesma disse que não desceria tão baixo quanto a sua falta de respeito.
Uma coisa é certa, não desafie o povo português, não queira ver qual a pieguice do povo que (des)governa!
Pieguice é uma coisa que não nos assiste!