sábado, 22 de maio de 2010

Desigualdades Económicas no Mundo


No âmbito da disciplina de Filosofia, um trabalho reflectindo sobre princípios estéticos, éticos e políticos e onde foi necessário escolher e reflectir um problema do mundo contemporâneo. A escolha que fiz foi "A Crise e as Desigualdades Económicas", por isso aqui fica um capítulo da reflexão, com base em estudos do Observatório das Desigualdades do ISCTE.


Segundo um dos últimos relatórios realizados pela OCDE, Portugal é o terceiro país que apresenta um maior aprofundamento cumulativo das desigualdades salariais desde a década de 80 até à presente década. Diariamente saem novos estudos que apontam que a maior característica de Portugal é o facto de os salários serem muito baixos. A maioria dos valores de pobreza, situam-se acima da média da OCDE, com especial atenção na proporção de indivíduos com rendimentos inferiores a 60% da média do país. É também uma característica geral aos estudos, os grupos sociais referenciados com maior índice de dificuldades económicas. Assim revela-se que os agregados familiares mais frequentemente referenciados são: os agregados constituídos por um casal com um ou dois filhos a cargo, em que um dos cônjuges não trabalha (este indicador é apresentado na maioria dos países da UE); pessoas com idade superior a 65 anos que residem sozinhas (na maioria mulheres) e ainda famílias monoparentais (mais frequentemente mulheres), ou seja, alguém sozinho que tem filho(s) a seu cargo.
Passando a um outro ponto de desigualdade que se prende com oportunidades profissionais segundo os antecedentes dos pais. É mais provável um jovem ter um emprego na área de gestão se os seus pais forem/tiverem sido gestores ou quadros superiores. Essa probabilidade prende-se nos 61%, enquanto que a probabilidade de o filho de um trabalhador manual qualificado se prende nos 19%, e baixa ainda mais quando se fala em filhos de trabalhadores não qualificados, para os 14%. Assim pode concluir-se que a mobilidade social ascendente é relativamente baixa, sendo que nos leva a pensar que infelizmente hoje em dia, em sociedades ditas tão desenvolvidas, as origens sociais ainda contam na definição das carreiras e direcções profissionais. Leva-nos a pensar em sociedades estratificadas de à alguns séculos atrás, onde quem nascia nobre, morria nobre, quem nascia burguês, morria burguês e quem nascia no povo, morreria no povo. É impressionante como o desenvolvimento social fica tão aquém do desejável. E se o desenvolvimento da mobilidade social evoluísse tanto como o desenvolvimento tecnológico?! É uma questão retórica que na minha opinião se deve colocar. O Mundo estaria no auge e a pobreza seria escassa, porém este é um cenário que pouco consigo idealizar, não sei em que século tal cenário será possível. Temos um modelo económico demasiado perverso, que apenas poderá ser influenciado pelas políticas públicas.
A nível mundial desde a década de 90 até 2007, a economia cresceu fortemente na sua riqueza, o que se reflectiu num aumento da população empregada em cerca de 30%. (porém hoje sabemos que nos últimos 3 anos assistimos a um violento decréscimo). Porém este aumento da população empregada não foi sinónimo da diminuição das diferenças salariais, sendo que os agregados mais ricos aumentaram os seus salários grandiosamente face aos mais pobres. Na generalidade a porção dos salários no PIB tem vindo a diminuir. Em 1% de crescimento de PIB, o crescimento salarial é de 0,75%. Estes índices mundiais levam-nos a crer que o crescimento salarial e o aumento da produtividade, não têm vindo a ser proporcionais.
Continua a assistir-se a um grande desequilíbrio dos salários entre homens e mulheres, sendo que nalguns países chegam a existir aumentos. Como estímulo ao crescimento salarial e económico, diminuindo as diferenças, a maioria dos organismos recomendam a contratação colectiva de trabalhadores e a negociação entre os vários órgãos de trabalhadores. Importante referir que na Europa de Leste e Central, se assistiu a uma diminuição da sindicalização, que tem por objectivo a defesa dos interesses dos trabalhadores, o que não ajuda na concertação social. É um facto real que os países onde existe maior concertação social, são os do norte da Europa e são estes países que detêm também as maiores taxas de sindicalização.
De acordo com o impacto da implementação dos salários mínimos nacionais, concluiu-se também que estes promovem a justiça social, na medida em que se reduzem as desigualdades salariais com os assalariados mais baixos. Em Portugal, os salários mínimos são uma grande fragilidade já que demonstram pouca sustentabilidade da economia e crescem a ritmo muito vagaroso, cerca de 0,36%, em relação ao resto da Europa e do Mundo.

1 comentário:

  1. Muitos parabéns pelos teus trabalhos. Uma pessoa da mesma idade que eu, e com uma mentalidade tão avençada. Sinceros parabéns mesmo (:

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