quinta-feira, 24 de março de 2011

Quando o incentivo não vem de cima

Professores, fazem parte das classes que mais têm entrado em discordância com o Governo nos último anos. Os mesmos que diariamente lidam com a grande massa de juventude. Os mesmos que ensinam e educam jovens, cidadãos e quem sabe futuros políticos. Os mesmos que tantas vezes retiram todo o mínimo incentivo à participação cívica e política dos jovens.
A cada dia que passa vou-me apercebendo que o descontentamento dos que mais lidam com os jovens é deixado sobressair e muitas vezes exibido em demasiadas ocasiões. Os jovens de hoje são especialmente desinteressados pela cidadania e pelos assuntos políticos, e ninguém parece querer contornar isso. Os agentes escolares (docentes e não docentes) são aqueles que passam mais tempo junto dos jovens e têm por isso um papel preponderante na educação para a cidadania dos jovens. Diariamente pelas salas de aula, nas mais diversas disciplinas, relacionam-se os conteúdos com a actualidade. Até aqui nada de reprovável, muito pelo contrário. O real problema começa no momento em que todos estes momentos de paralelismo com a actualidade, se transformam em críticas constantes ao funcionamento das instituições públicas, do Governo, do Estado e do país. A falta de credibilidade na classe política e na actual situação do país, é clara e os jovens também o sabem. Mesmo que muito superficialmente, sabem-no. Qual é a necessidade de essa descredibilização ser fomentada dentro do espaço de educação? Com que objectivo? Parece-me que as frustrações, receios e medos de quem lida com os jovens são expostas no local errado e com as pessoas erradas. Os jovens são vulneráveis às opiniões de terceiros, e nesta matéria são facilmente levados a pensar da mesma forma que quem habitualmente os ensina. Assim os jovens não progredirão de forma saudável no que toca a política, cidadania ou sociedade.
A escola tem outro papel, o de educar, o de encaminhar, o de mostrar os caminhos. A escola não traça o percurso nem as ideologias dos jovens.

1 comentário:

  1. Educar é exercer um poder muito forte. Os professores trabalham com "plasticina", facilmente moldável. O facto de muitos professores estarem descontentes com o governo socialista leva-os a querer fazer uma campanha (com a arma que têm: as aulas) em função dos seus interesses pessoais, ao invés de assumirem uma postura isenta e imparcial. Esquecem-se de duas coisas: a) essa atitude não faz com que os jovens "deixem de gostar do Sócrates", mas sim com que se afastem cada vez mais da vida política; e b) há muitos jovens conscientes e com discernimento para distinguir uma opinião de manipulação. E essa manipulação (à qual também eu assisti) só os descredibiliza (professores).

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