quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Os dois lados da família

Os últimos dias e os que virão brevemente, levam-me a pensar no inverso em que me encontro. É certo que a família é um todo mas é inevitável fraccioná-la. O lado materno e o lado paterno, é este o meu inverso, é esta a grande questão. Do lado materno sou a prima mais nova e vejo neste momento os mais velhos a casar. Do lado paterno sou a prima mais velha e vejo ainda crianças a nascer onde tenho o prazer de ser madrinha. Como já alguém me disse, de um lado calo e do outro falo. A realidade é mesmo essa. Onde sou a mais nova, sou eu que questiono e que ouço. Onde sou a mais velha sou eu que falo e que aconselho. Porém, acreditem ou não, não sei dizer o que é preferível. Os dois papéis têm pontos positivos e negativos, e não recusaria nenhum deles. Provavelmente sendo sincera, o papel da prima mais velha encaixa mais em mim, mas não dispenso de forma alguma os conselhos dos mais velhos. Afinal de contas perco-me no meio das crianças, e consigo dar-lhes um pouco do que eu vivi a mais do que eles. Partilho com eles o que já passei e que eles não sabem, e posso por instantes relembrar o que era em criança. São primos desde os 15 anos aos simples 3 meses, junto dos quais posso ensinar e aprender. É certo que gostava de os ter mais perto, de poder ver como evoluem, de poder dar mais de mim e de poder receber mais do tanto que as crianças têm para dar. Mas a vida não o permite, e são alturas de Verão ou de festa, que nos unem por algumas horas onde todos saltam, brincam, riem e sobretudo aproveitam o que é ser uma família. Com os mais velhos é diferente. Eu sou a benjamim, eu é que pergunto e ouço aquilo que eles sabem melhor do que eu. Não é em nada comparável à outra situação, mas também não é em nada desprezável. Aprendo muito com eles, e gosto de ouvir o que têm para me dizer. Sei que a idade fala mais alto, e que seguirão as suas vidas mais depressa, mas não deixarão de estar perto. Talvez um pouco mais ausentes, pela necessidade de construirem um lar, uma família e uma vida adulta, mas sempre prontos quando chamar por eles. Eu chamo pela Cátia e pelo Fábio. A Daniela, o Jordy, o Roberto, a Allisson, o Micael, o Joel, o Loïc, o Diogo, o Bruno e a Bruna chamam por mim, e pelo menos ainda mais dois meninos chamarão.
Acaba por ser um dualismo, uma contrariedade que confunde mas que é saudável. Aprende-se assim, de forma muito natural a assumir dois papéis diferentes, a aceitar duas realidades e a adaptar-se ao que possa surgir de um lado e de outro. Sentimo-nos repartidos, sabemos viver dois mundos. Enfim, aquilo que dou de um lado, posso receber do outro... O encontro deste ano dos mais novos já foi, agora virá o dos mais velhos.


Fica o último registo dos mais novos - Julho 2010

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